sexta-feira, 27 de setembro de 2013

SANEAMENTO

Sistema biodigestor demonstra eficiência e baixo custo em Paranavaí


O projeto piloto está instalado na propriedade do criador de gado leiteiro, Dirceu Canabrava Barbalho, na região da Área de Proteção Ambiental Waldenício Barbalho
Foto: Divulgação/Sanepar
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) está desenvolvendo, em Paranavaí, um sistema especial para o tratamento de esgoto doméstico para propriedades rurais. 
O sistema funciona com a biodigestão dos dejetos com o uso de bactérias, protegendo da poluição os lençóis freáticos em comunidades rurais próximas às captações de água da empresa. 
Em funcionamento há um ano e meio, a experiência de Paranavaí foi adaptada de um projeto da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). “O tratamento por biodigestão tem demonstrado eficiência, com baixo custo e é ideal para propriedades rurais”, destaca o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Péricles Weber. 
O projeto piloto está instalado na propriedade do criador de gado leiteiro, Dirceu Canabrava Barbalho, na região da Área de Proteção Ambiental Waldenício Barbalho. Nesta APA, a Sanepar tem a captação de água do Ribeirão Arara, de onde retira, em média, 200 litros de água por segundo para o abastecimento público de 90% da população de Paranavaí. 
O nome da APA homenageia o pai de Dirceu. Em breve, mais 20 sistemas biodigestores deverão entrar em funcionamento. Alguns, no próprio Ribeirão Arara, em Paranavaí, outros na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Palmital, no município de Paraíso do Norte. 
Nascido e criado na propriedade, Dirceu Barbalho está satisfeito com o novo tratamento de esgoto. “Desde a implantação até hoje, não vejo nenhum aspecto negativo no tratamento por biodigestor. Pelo contrário, estou protegendo as nascentes, o meio ambiente e isso é muito bom”, elogia. O sistema atende a residência de Barbalho - com mais de 200 metros quadrados - onde mora com a esposa e dois filhos. 
O resultado positivo na casa dele levou o funcionário da propriedade, Márcio Sales, a planejar a instalação do sistema na nova casa que está construindo. “Eu aprovo. É uma boa ideia. Não polui o ambiente, o solo”, destaca. Sua esposa, Edna Lourdes Nascimento, concorda. “Creio que será realmente melhor e com certeza haverá menos insetos, baratas”, afirma. 
COMO FUNCIONA - O sistema de esgoto por biodigestão da propriedade de Barbalho conta com três caixas de fibra, de 500 litros cada, interligadas entre si e semienterradas. As duas primeiras caixas têm um cano com diâmetro de ¾ de polegadas para a eliminação do gás metano, produzido no tratamento. 
Depois de instalada, são colocados dez litros de água misturada com dez quilos de estrume (esterco) na primeira caixa. Essa mistura gera bactérias, responsáveis pelo processo de decomposição dos dejetos. 
A parte sólida do esgoto pode passar por um tratamento com cal, que é usado como adubo para ser aplicado em árvores frutíferas. A parte líquida, o proprietário rural pode usar para a irrigação ou simplesmente permitir que penetre no solo. 
O sistema não exige muita manutenção, mas a cada 30 dias é necessário acrescentar 5 litros de água e 5 quilos de esterco, devido ao ciclo natural das bactérias. “A parte líquida eliminada é praticamente sem odor”, explica o técnico da Sanepar e um dos responsáveis pelo acompanhamento do desempenho do biodigestor, Welbert Valério. O trabalho tem ainda a participação da gestora ambiental Sonia Crivelli Mataruco. 

Microbacia Arara tem 96 nascentes e seis poços subterrâneos
Com mais de 4.000 hectares de área, a Microbacia Arara (considerando também o Ribeirão Floresta) tem 96 nascentes e seis poços subterrâneos que, juntos, mantêm 28 mil ligações de água, totalizando mais de 80 mil pessoas abastecidas por esse manancial. Na região da captação de água da Sanepar, são 83 propriedades rurais. A ideia é expandir o sistema biodigestor e instalá-lo em toda a área de preservação ambiental do Arara.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

NÃO ACEITAMOS COMENTÁRIOS ANÔNIMOS, FAVOR DEIXE SEU NOME E E-MAIL PARA QUE POSSAMOS RESPONDER.