Quatro décadas após o início da
construção de Itaipu, começam a se consolidar projetos que visam aproveitar
outras fontes energéticas, como eólica, solar e a biomassa
De acordo com Cícero Bley Junior, superintendente de energias renováveis da Itaipu Binacional e presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis, a produção de biogás no Estado, considerando apenas o potencial dos dejetos de suínos e vacas ordenhadas, seria de 328.138.793 metros cúbicos ao ano. Esses recursos, aplicados somente na geração elétrica, poderiam produzir 406.892 MWh/ano, ou uma potência instalada de 111,5 MW, equivalente em potência a uma usina hidrelétrica de médio porte.
Estudo realizado pelo engenheiro agrônomo Sílvio Krinski, coordenador de Meio Ambiente do Sistema Ocepar, que representa as cooperativas paranaenses, identificou uma estimativa de produção de até 305 milhões de metros cúbicos de biogás ao ano apenas a partir dos dejetos da atividade pecuária e das agroindústrias das cooperativas paranaenses.
Em energia eólica, até 2030, o governo brasileiro espera ter capacidade instalada de 3,3 gigawatts em todo território nacional. O Paraná tem um potencial estimado em 3,5 gigawatts, um volume considerável se levarmos em conta que as 17 hidrelétricas e uma termelétrica da Companhia Paranaense de Energia (Copel) somam uma capacidade instalada de 4,5 gigawatts, conforme informações do site da Itaipu.
Diante da necessidade de garantir a eficiência energética e de dar a destinação correta aos passivos ambientais gerados pela produção agropecuária, diversos setores estão se organizando para transformar todo esse potencial em energia. O governo estadual, através do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), está executando o projeto Smart Energy Paraná, cujo objetivo é colocar o Estado, na próxima década, em um estágio de desenvolvimento competitivo mundialmente em relação às tecnologias em geração distribuída de energia elétrica conectada a redes inteligentes, também chamadas de smart grids.
"O Paraná, no conjunto das potencialidades para geração de energia, destaca-se entre os demais estados. Temos a maior usina hidrelétrica do mundo em energia gerada e estamos entre os líderes na produção de biomassa, em função dos resíduos da indústria madeireira, da agricultura e do bagaço resultante da indústria da cana-de-açúcar. Além disso, recebemos alta incidência solar e possuímos regiões com ventos", explica Wellington Vechiatto, gerente do Centro de Energias (CEN) da Tecpar.
Segundo ele, as smart grids são redes de distribuição de energia elétrica informatizadas nas quais as concessionárias de energia podem tanto acessar informação quanto intervir remotamente. "Essas tecnologias permitem fazer a gestão da geração distribuída de energia elétrica, entendida como aquela produzida em pequena escala, o que pode significar que em um futuro próximo estaremos gerando energia elétrica nas habitações, empresas, edificações públicas e particulares, por pequenas unidades centralizadas de geração e injetando na rede", acrescenta.
Plataforma Itaipu
Dentro deste programa, foi implantado um Centro Internacional de Energias Renováveis no Parque Tecnológico de Itaipu, entidade sem fins lucrativos que canaliza todas as informações e dados necessários para orientar os projetos que estão começando a se desenvolver em vários setores. Outra iniciativa é o Laboratório de Biogás com parâmetros obtidos na Universidade da Terra de Viena, para dar sustentação científica e monitoramento laboratorial das unidades de demonstração e também de outros interessados. Além disso, um núcleo pedagógico promove cursos de graduação, pós-graduação e ensino a distância sobre energias renováveis e biogás, que já formou mais de mil estudantes brasileiros e estrangeiros.
Bley enumera as vantagens de praticar aplicações de fontes renováveis de energia. "É possível aproveitar a situação de microgeradores para o autoabastecimento. Só depois deste aproveitamento o excedente é direcionado à rede de distribuição. Dessa forma, a precificação da energia se dá pela energia evitada, reduzindo as contas", afirma.
Ele ressalta, porém, que ainda faltam um quadro de regulações seguras, linhas de crédito específicas, programas de conscientização e outras medidas necessárias para uma completa política pública que contemple essas fontes renováveis em geração distribuída.
Carolina Avansini
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