segunda-feira, 24 de março de 2014

ESPAÇOS URBANOS

Redescobrindo Praças Públicas, Bosques, Parques e Memoriais de Paranavaí


Em seu estudo, Rose Hélida Astolfo Freire enumera uma série de problemas nas 25 praças analisadas e constata que poucas são as praças paranavaienses efetivamente utilizadas pela população


Redescobrindo Praças Públicas, Bosques, Parques e Memoriais de Paranavaí Aspecto aéreo da Praça dos Pioneiros, a maior de Paranavaí


A praça é do povo, como o céu é do condor (Castro Alves)

Ao lançar-se um olhar sobre as praças públicas, bosques, parques e memoriais de Paranavaí, podem ser verificados alguns detalhes que chamam a atenção e que podem ser referências históricas para a cidade.
Entre esses detalhes fatos como o descuido histórico com esses próprios públicos, falta de documentos oficiais com a denominação, localização, troca de nomes anteriormente oficializados e até ausência de nomes oficialmente adotados, quando deveria haver, inclusive, critérios para isto.
As praças, os parques e os monumentos sempre se fizeram presentes na história das cidades, desde tempos imemoriais. São espaços urbanos utilizados de várias formas pela população, conforme as necessidades que se apresentaram ao longo tempo, inicialmente como local de comércio, convívio social, lazer, esporte...
Numa dissertação de mestrado em Geografia/UEM/2012, a professora paranavaiense Rose Hélida Astolfo Freire em “A Praça e a Cidade: o Caso de Paranavaí”, que atua no Colégio Estadual de Paranavaí e Colégio Estadual Adélia Rossi Arnaldi, de Sumaré, observa que “a praça sempre se fez presente na história das cidades, desempenhando funções diversas, que foram se alterando e se renovando frente às transformações da sociedade. Desde a Grécia antiga fora concebida como espaço vital para o desenvolvimento da vida social, pois constituía-se no local do encontro, do comércio, das inúmeras manifestações sociais, dos espetáculos, da tomada de decisões, das execuções, enfim, era o local por onde se desenrolava o cotidiano da população”.
Ao par das praças existem os parques, espaços comumente chamados de "áreas verdes", em geral livres de edificações e caracterizados pela abundante presença de vegetação. Protegidos pela cidade, pelo Estado/província ou pelo país no qual se encontram, destinam-se à recreação e à preservação do meio-ambiente natural. Desta forma, um parque pode ser caracterizado como urbano ou natural.
Há também os memoriais, instituições permanentes, de interesse geral, voltados para a preservação e propagação de informações históricas compostas de dados, documentos e imagens relativas a pessoas, instituições ou lugares.
Atualmente, ”muitas dessas funções não fazem mais parte do seu “roteiro”, mas o papel de espaço público, do encontro, do convívio social que sempre os caracterizou, permanece em seu bojo.

Contudo, observa-se um processo de esvaziamento desses espaços, consequência, ora do surgimento de novas opções de lazer, ora da falta de acessibilidade física ou simbólica, ou ainda do estado deplorável em que muitas vezes se encontram frente à inobservância e a ausência de manutenção por parte do poder público e a falta de comprometimento e do envolvimento da população.
“Dessa forma, deixa de ser um espaço aglutinador e convidativo, tornando-se, muitas vezes, um local vazio, isolado e relegado, via de regra, ao abandono”, observa a professora Rose Hélida em sua meticulosa dissertação de mestrado sobre 25 praças de Paranavaí.
Observa ainda que “espaços sobreviventes das diversas transformações urbanas, as praças sempre marcaram as estruturas das cidades. Mesmo sofrendo alterações em suas funções ao longo do tempo, não perderam sua essência de espaço público e ainda representam importantes núcleos de confluência social, por onde desfila o cotidiano dos citadinos”.
Para a mestra, “o reordenamento de uma cidade consolidada dentro dos novos princípios urbanísticos não era iniciativa de fácil realização. Abrir uma praça no tecido antigo dos núcleos urbanos, então, seria uma cirurgia urbana de grande ousadia” e que a partir do Renascimento (Séculos XIV e XVI), como o traçado da cidade, o desenho das praças nesse período deixa de ser espontâneo para resultar em um espaço projetado.
De espaços vazios destinados ao encontro, ao abrigo de edifícios de destaque, à troca de mercadorias, as praças renascentistas passam a fazer parte do traçado da cidade, adquirindo importância estética, tornando-se um elemento de embelezamento do ambiente urbano. A partir desse momento, constitui-se a praça formal.
O estudo da professora Rose Hélida Astolfo Freire objetivou analisar quali-quantitativamente 25 praças localizadas no perímetro urbano de Paranavaí/PR, verificando a importância desses espaços para a cidade, a partir de análises baseadas em elementos como tipologia, inserção na malha urbana, equipamentos e/ou estruturas, vegetação, localização e entorno.
Buscou também levantar as condições de acessibilidade existentes nesses logradouros, voltadas para as pessoas com mobilidade reduzida (PMR), além de informações sobre leis de criação e topônimos desses logradouros, conservação, funcionalidade e/ou localização, concentração do elemento arbóreo.
Através desse trabalho, procurou apontar aspectos de relevância que necessitam ser revistos e discutidos, para subsidiar melhoras na política de gestão destes logradouros, e assim cumprirem, efetivamente, o papel de espaços públicos voltados para a socialização e lazer.
Em seu estudo para obtenção do diploma de mestra, Rose Hélida Astolfo Freire enumera uma série de problemas nas 25 praças analisadas e constata que, “assim, pode-se dizer que, por algum(ns) motivo(s) supracitado(s), poucas são as praças paranavaienses efetivamente utilizadas pela população.
Através dos levantamentos podem-se visualizar inúmeros problemas que existem nos logradouros, e que, por pretextos já largamente conhecidos [...] ainda não foram solucionados e nem têm previsão de serem”.
Em uma edição especial do jornal Diário do Noroeste do dia 14 de dezembro de 2011, em comemoração aos 59 anos de Paranavaí, a equipe da redação saiu às ruas da cidade, lançando a seguinte pergunta aos moradores: “Se você pudesse dar um presente de aniversário a Paranavaí, qual que seria?”. Dentre várias repostas estava a de Edileuza Alves da Siva de Oliveira, dona de casa, moradora da Vila Operária: “Uma praça bem bonita e gostosa para as pessoas se divertirem sem medo”.
O trabalho da professora Hélida despertou a curiosidade para, sem entrar no mérito das condições atuais de cada próprio público, percorrermos cada um dos parques, memoriais e praças de Paranavaí - são mais de três dezenas, algumas repartidas por vias públicas rasgadas à esmo por administradores públicos, fora do projeto urbano – e de forma elementar fazer a apresentação à população de Paranavaí, como sugestão para um despertar público pela preservação e melhoria de seus próprios públicos.
Para obtenção de dados, contamos com a colaboração de várias pessoas, como Pompílio Rolim de Moura, da Câmara Municipal de Paranavaí; Alceu Wiese, da Prefeitura Municipal de Paranavaí e da mestra/UEM em Geografia, Rose Hélida Astolfo Freire.
As próximas 35 publicações, com o histórico e fotos de cada próprio público de Paranavaí, serão feitas nas edições de terças-feiras, quintas-feiras e domingos, do Diário do Noroeste, seguindo a ordem em que eles foram criados (de acordo com a data da lei) ou ordem de implantação (seguindo registros de placas).
(Na edição de terça-feira, 25/03, A Praça Brasil)
 
Fonte: SAUL BOGONI - sbogoni@diariodonoroeste.com.br  

http://diariodonoroeste.com.br/noticia/cidades/local/56512-redescobrindo-pracas-publicas--bosques--parques-e-memoriais-de-paranavai#.UzAYEc5AfV8

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