segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PELOS OLHOS DO CIDADÃO

RIO DE JANEIRO - Numa entrevista a Vanessa Correa (Entrevista da 2ª, 29/8) durante o 1º Congresso Internacional de Habitação e Urbanismo, realizado em São Paulo, o arquiteto Alexandros Washburn, diretor de desenho urbano da Prefeitura de Nova York, falou da importância de ser, ora, veja, pedestre na metrópole por excelência.
"Caminhar é a atividade mais importante na cidade", ele disse. "Tanto pelo lado cultural como pela sustentabilidade. (...) É por isso que Nova York é uma cidade vibrante. (...) O espaço público é importante para construir confiança entre as pessoas de todas as classes e etnias. (...) Quando toma a decisão de colocar o pedestre em primeiro lugar, você adota um ponto de vista. Você vê os problemas através dos olhos de um cidadão caminhando pela rua."
E, então, Washburn disparou um conceito que, para muitos, pode parecer chocante: "O muro da rua tem que ser feito do tecido dos prédios, com lojas [no térreo], janelas nos primeiros andares. [É preciso] sentir que as extremidades da rua estão abertas para você. E que as pessoas estão olhando para você".

No Brasil, há anos temos feito o contrário. Asfixiamos nossas cidades com prédios em que não só o comércio, mas até os moradores foram banidos dos três ou quatro primeiros andares, agora reservados a garagens. Somando a isso o térreo afastado da rua e de pé-direito muito alto, é como se, nesses prédios, a vida só começasse a 20 metros de altura. É como estabelecer que a rua nos é hostil, que devemos manter distância e nunca nos arriscarmos por ela a pé.
Pusemos nossas cidades a serviço dos carros, e deu no que deu -elas ficaram efetivamente hostis. Daí ser fascinante ouvir do homem responsável pelo planejamento urbano, não de Brejo Seco, mas de Nova York: "Carros e pessoas podem andar juntos, mas a questão é perguntar primeiro ao pedestre".
                                                                                                                                                                                                                                                              Fonte:Jornal Folha de São Paulo

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