Acaba de ser criado no Brasil o primeiro Mercado de Créditos de Logística Reversa de Embalagens. Com isso, os sofridos catadores de rua, enfim, serão beneficiados já que 90% deles são grandes responsáveis por recolher e encaminhar às cooperativas de reciclagem toneladas de embalagens descartadas.
Com a implantação do Programa Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a logística reversa – o recolhimento e a devida reciclagem de produtos pós-consumo (incluindo as embalagens) – tornou-se obrigação das empresas fabricantes. Elas agora serão conhecidas como “poluidoras-pagadoras”.
Trocando em miúdos, segundo o professor de Economista da Universidade de São Paulo (USP) e colaborador do Planeta Sustentável, Ricardo Abramovay: “As empresas terão que responsabilizar-se pelo envio apropriado dos rejeitos do que venderem ao consumidor final, incluindo a estruturação da logística reversa – o recolhimento e a devida reciclagem desses produtos pós-consumo –, para que tenham destinação mais adequada que não os aterros”.
Nesse cenário a importância dos catadores é crucial. Por isso, o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) estabeleceu, no final de abril, uma parceria com a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRio) para negociar os créditos de logística reversa de embalagens no país.
Esse novo mercado estimulado pela implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos vai funcionar assim: os créditos serão distribuídos para os catadores devidamente cadastrados pela BVRio. Os valores e a quantidade deles irão depender da quantidade e tipos de materiais recolhidos por esses trabalhadores. Esses créditos poderão ser vendidos aos fabricantes que precisam cumprir o que determina a PNRS.
Todo esse processo criará um canal de comunicação eficiente entre as empresas e as cooperativas de reciclagem. Para o presidente-executivo da BVRio Pedro Moura Costa “é uma forma eficiente e transparente de implementar a logística reversa, além de contribuir de forma não assistencialista ao desenvolvimento das cooperativas de catadores”.
A primeira empresa a participar do Mercado de Créditos de Logística Reversa de Embalagens no Brasil é o grupo Boticário. Nos próximos dois meses, a companhia deve obter o equivalente a 1 200 toneladas em créditos.
Outras empresas, entretanto, já acenam com a disposição de entrar para esse “clube”. Entre elas a indústria de biscoitos Piraquê – que começou a comprar seus créditos – além do grupo Marfrig, que produz alimentos à base de carne bovina. Companhias vinculadas à Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib) e à Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Amib) também estão em negociações.
Assim, os nossos catadores de rua sairão da clandestinidade para serem finalmente reconhecidos como prestadores de serviços ambientais. E serão pagos dignamente por isso.
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