Uma alternativa para reduzir o lixo doméstico
Tecnologia desenvolvida em Londrina transforma lixo em material de construção; CMTU realizou demonstração ontem de manhã
Resíduos foram misturados a uma cola especial, formando uma massa, que posteriormente resulta em tijolos
Proposta da CMTU é que, inicialmente, o lixo passe por esteiras, onde onde recicladores coletam o material que pode ser revendido
Diariamente são produzidas 600 toneladas de lixo na cidade, mas apenas 5% são recicladas
Uma cola especial desenvolvida por um professor de Geografia de Londrina pode ser a solução para o problema da destinação correta do lixo. Trata-se de um produto capaz de unir vários tipos de materiais, sejam eles lixo orgânico, plástico, madeira, papel ou gesso. A apresentação de como essa cola ajudaria a acabar com a necessidade de aterros sanitários ou de usinas de incineração foi feita na manhã de ontem, na Central de Tratamento de Resíduos (CTR), no Distrito de Maravilha (zona sul de Londrina). Uma usina-piloto foi montada no local para demonstrar como o lixo doméstico (inclusive os inservíveis como fraldas e papel higiênico) coletado das residências poderia ser transformado em material de construção.
Esse lixo teve as sacolas abertas por uma máquina, passou por esteiras onde recicladores coletam o material que pode ser revendido para indústrias. Posteriormente, os resíduos foram moídos para que recebessem a cola especial, formando uma espécie de massa.
O resultado desse processo foi encaminhado para uma máquina extrusora, conhecida como maromba, com o formato de tijolos de seis furos. A massa não precisa ser levada ao forno para seu enrijecimento e com poucas horas no sol já os tijolos estariam prontos para serem utilizados na construção civil. Outra possibilidade de aproveitamento desse material seria a queima para a geração de energia, de acordo com informações repassada pelo inventor da usina, Eudaldo Oliveira.
O tijolo produzido também seria mais resistente que o de cerâmica normal. "Se for implantado, poderíamos acabar com todos os lixões de Londrina, inclusive aquele aterro da Estrada do Limoeiro (zona leste)", destacou. A capacidade de uma usina seria de 150 toneladas por dia e o custo dela ainda não foi definido porque existem negociações sendo realizadas com a Petrobras para que reduza o preço do fornecimento de algumas matérias-primas utilizadas na fabricação da cola.
O presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Carlos Geirinhas, afirmou que esse sistema pode ser adotado na cidade. E incentivou outros inventores a apresentarem projetos que ajudem a eliminar esse resíduo. Porém, ressaltou que um item não pode ser mudado: o uso de recicladores para fazer o processo de seleção do material, já que isso é garantido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Trata-se da lei 12.305/2010, que prevê em incentivo às organizações de catadores, assim como a participação delas na gestão integrada dos resíduos sólidos e na cadeia produtiva.
Vida útil
Geirinhas destacou que atualmente a cidade produz diariamente 600 toneladas de lixo. São 200 toneladas a mais do que na época em que a Central de Tratamento de Resíduos foi implantada, em 2010. Atualmente, a CTR está com duas células em uso e uma terceira está em construção. A vida útil de cada uma foi projetada para dois anos, mas desde março já está com a capacidade da segunda célula esgotada. O material vem sendo acondicionado, aumentando ainda mais a montanha de lixo que se formou em cada uma das células. Em 2011, o atual secretário municipal de Ambiente, Cleuber Moraes Brito, afirmou em entrevista à FOLHA que no ritmo em que o aterro vinha sendo utilizado, poderia não chegar a oito anos até atingir sua capacidade máxima, mas o projeto da CTR previa seu uso por 25 anos.
Questionado sobre a capacidade do CTR, Geirinhas afirmou que até o ano que vem os Centros de Processamento de Resíduos (CPR) estarão funcionamento e descartou qualquer outra possibilidade, já que a legislação prevê a responsabilização penal dos administradores caso a prefeitura não tenha implantado um programa de destinação adequada do lixo. "Depois de assinado o contrato, as usinas entrariam em operação em até seis meses", ressaltou
Caso o projeto de implantação de usinas seja realmente adotado, seriam criados quatro CPRs, distribuídas nas quatro regiões de Londrina.
A instalação dos centros de processamento fazem parte do projeto de coleta e reciclagem de lixo proposto pela CMTU, que tem o objetivo de reduzir a zero o descarte de resíduos na cidade. O projeto foi apresentado na quarta-feira, na Câmara de Vereadores, e prevê um investimento inicial de R$ 100 milhões, que deve vir por meio de uma parceria público-privada (PPP). A proposta foi idealizada porque apenas 5% das 600 toneladas são recicladas.
Vítor Ogawa
Reportagem Local
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